ARTIGO DE INTERCEPT - RAFAEL MORO MARTINS, Editor Sênior
QUERO A AMAZONIA DE PÉ !
Sexta-feira, 15 de julho de 2022
Maior operação da PF contra garimpo começou aqui
Olá,
Em setembro de 2021, publicamos a reportagem "Gana por ouro — Mineradora novata já explorou 32 vezes mais ouro do que o previsto em área protegida da Amazônia", do repórter Hyury Potter. Após oito meses de apuração exaustiva, revelamos que a mineradora se instalou em uma unidade de conservação federal de Itaituba, no Pará, mesmo sem a licença exigida para isso. Ainda mais grave: mesmo oficialmente só tendo uma mina em funcionamento, produzia ouro (e lucro) em ritmo frenético, acima das maiores mineradoras do mundo. Quase um ano depois, o caso, que teve perícia da Polícia Federal fortemente baseada na matéria do Intercept, voltou a atrair a atenção nacional, e vou te contar por quê.
No último domingo, o Fantástico levou ao ar uma longa matéria sobre a Gana Gold. A reportagem do TIB, feita em parceria com a Rainforest Investigations Network, bolsa jornalística do Pulitzer Center, chegou a ser citada. Mas o que motivou a cobertura do dominical foi uma nova série de grandes impactos que a nossa investigação ajudou a gerar.
A Polícia Federal deflagrou nos últimos dias três megaoperações contra garimpo ilegal na Amazônia: Ganância, Golden Greed ("Gana por Ouro", em inglês) e Comando, que bloquearam R$ 3 bilhões em bens e dinheiro da mineradora. Nelas, a PF cumpriu mais de 30 mandados de busca e apreensão e prendeu cinco chefões do bando criminoso responsável pela mineradora e por várias outras empresas. E, finalmente, foram suspensas as atividades da Gana Gold. Foi a maior ação da história da Polícia Federal contra uma mineradora.
Pouco depois da publicação da primeira matéria do Hyury no Intercept sobre a Gana Gold, ano passado, a mineradora foi alvo de um embargo do ICMBio e de uma multa de R$ 10 milhões do Ibama. Parar uma mineradora não é pouca coisa, mas não durou muito: o caso recebeu atenção especial de Eduardo Bim, presidente do Ibama. Em março, revelamos áudios em que Bim pressionava o superintendente do órgão no Pará para "dar um jeito nesse processo".
No mês seguinte, o embargo do Ibama foi suspenso por uma juíza e, poucos dias depois, um outro embargo, este do ICMBio, foi suspenso por um juiz. A Justiça do Pará voltou a aplicar o embargo do Ibama em dezembro, mas, em matéria publicada no dia 26 de março, mostramos que a Gana Gold estava explorando ouro e desobedecendo a decisão judicial. Cinco dias depois da nossa reportagem, o Ibama aplicou uma nova multa na mineradora, de R$ 1 milhão.
Agora, com os "capos" da Gana Gold fora de circulação, não vai ser tão fácil. Nem mesmo para Bim, que chegou a ser afastado do cargo pela justiça num outro caso denunciado pelo Intercept e que custou o cargo de ministro a Ricardo Salles.
Mas volto à Gana Gold para lembrar que esse é um dos trabalhos que mais nos orgulham aqui no Intercept. Em momentos como esse, fica patente que o trabalho jornalístico pode transformar de fato o que acontece no país. Aqui, estamos falando de centenas de hectares no coração da Amazônia que, ao menos nesse caso, deixarão de ser desmatados, explorados e contaminados por uma organização criminosa que se espalhava por sete estados do país deixou danos ambientais estimados em mais de R$ 300 milhões.
Na época da publicação da matéria em nosso site, o Pulitzer Center publicou uma versão em inglês, com o título "Greed for Gold". Não parece coincidência que a operação que encerrou a farsa do bando tenha sido batizada "Golden Greed". Um esforço jornalístico como o da série de reportagens do Hyury é mesmo inspirador.
Impactos desse porte costumam levar muitos meses para acontecer, e são frutos de outros muitos meses de trabalho de reportagem. Mas, quando acontecem, nos fazem acreditar que o jornalismo investigativo independente não pode parar. Quando você apoia o Intercept, seu investimento retorna à sociedade na forma de impactos como as operações policiais noticiadas pelo Fantástico. Então, se ainda não é nosso aliado, te convido a fazer parte dessa missão.
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Abraço,
Rafael Moro Martins
Editor Contribuinte Sênior
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