ADEUS A UM AMIGO MUITO ESPECIAL (EM JANEIRO DE 2022) Morre ex-vereador Rogério Queiroz Advogado foi um dos catarinenses presos durante a ditadura militar RAQUEL CRUZ, FLORIANÓPOLIS13/01/2016 ÀS 21H00 Miriam Zomer/Agência Alesc/ND Rogério Queiroz foi militante estudantil e vereador em Florianópolis Aos 75 anos, morreu nesta terça-feira o advogado e ex-vereador Rogério Duarte de Queiroz. Ele foi presidente da União Catarinense de Estudantes (UCE) na década de 60, vereador na Capital no período de 1983 a 88 e fundador do extinto MDB. Por duas vezes, foi preso pelos militares durante a ditadura no Brasil e era um dos catarinenses anistiados reconhecidos pela Comissão da Verdade. Queiróz sofria de problemas no coração e foi sepultado na tarde desta terça-feira no cemitério do Itacorubi. Natural de Jaraguá do Sul, formou-se em Direito pela UFSC na turma de 1966 e passou a atuar como advogado no ano seguinte. No período em que era estudante, Queiróz foi presidente da União Catarinense de Estudantes Secundaristas (UCES), nos anos de 1959 e1960 e da União Catarinense de Estudantes (UCE) em 1963. À frente do movimento estudantil, foi um dos responsáveis pela transferência da sede da universidade – que naquela altura funcionava no Centro – para o bairro Trindade. A construção da sede da UCE, na rua Álvaro de Carvalho, também foi encabeçada por ele “Como vereador, a grande luta dele foi tentar trocar o nome de Florianópolis. Ele não admitia que a cidade se chamasse pelo nome do próprio carrasco [Floriano Peixoto]”, aponta Derlei Catarina de Luca, colega de Queiróz no Coletivo Catarinense Memória, Verdade e Justiça. “Foi uma pessoa que, por incrível que pareça, manteve-se coerente a vida inteira. É uma tristeza muito grande. Mesmo doente, ele fazia de tudo para participar das nossas atividades. É nossa geração que está morrendo”, completa, fazendo referência ao grupo de pessoas anistiadas no estado. A luta pelos movimentos de Esquerda – que mais tarde o levaria à frente do partido MDB na Capital – lhe rendeu duas prisões ao longo do ano de 1964. Na cadeia, chegou a ser interrogado pelo DOPS (Departamento de Ordem Política e Social) e dividiu cárcere com outros formadores de opinião da época como Luiz Henrique da Silveira, Salim Miguel, Francisco Mastela e Adi ‘Macarrão’ Vieira Filho. Em maio de 2009, foi um dos 248 anistiados catarinenses que passaram a receber a aposentadoria em Santa Catarina Mesmo depois de se afastar da carreira política, relembra o jornalista Celso Martins, Queiróz conservou o vínculo com as questões relacionadas ao cotidiano da cidade: “Era um cara bem culto, com preocupações sociais acentuadas”, lamenta Martins. Em nota, ele foi relembrado como um vereador “visionário” pela Câmara de Vereadores de Florianópolis. Queiróz foi sepultado ontem, no cemitério do Itacorubi. Ele sofria de problemas cardíacos, mas as causas da morte não foram divulgadas pela família 20/08/2013 - 13h29min Comissão Estadual da Verdade ouve o ex-vereador Rogério Queiroz Partilhar Rogério Queiroz (d) foi preso duas vezes durante a ditadura militar. FOTO: Miriam Zomer/Agência AL Rogério Queiroz, 73, advogado, ex-vereador de Florianópolis e ex-presidente da União Catarinense de Estudantes (UCE) de maio de 1963 a abril de 1964, preso duas vezes pela ditadura civil-militar, foi ouvido pela Comissão Estadual da Verdade na tarde desta segunda-feira (19) no Plenarinho Deputado Paulo Stuart Wright da Assembleia Legislativa. “A primeira prisão ocorreu em 17 de abril de 64 e a segunda em junho do mesmo ano. Na primeira vez fiquei 25 dias na penitenciária estadual, em um anexo, com mais de 100 presos políticos. Tenho uma relação com os nomes, fiz a lápis, está guardada em minha casa”, explicou. Em junho de 64, Rogério foi preso novamente. “Fiquei seis, sete horas depondo no Dops. De lá fui transferido para o quartel da Polícia Militar, onde estavam presos Luiz Henrique da Silveira, Salim Miguel, Francisco Mastela, Adi ‘Macarrão’ Vieira Filho. Passei o meu aniversário, 9 de junho, na prisão”, contou. Rogério afirmou que não foi torturado fisicamente, nem lembrou o nome daqueles que o prenderam. De acordo com o ex-preso político, “a comida no quartel da PM era servida direitinho”, mas havia comentários “sobre fulano que faleceu, outro que desapareceu”, uma espécie de tortura psicológica. “A pessoa não identifica como tortura, mas influencia a vida toda. Acho que não sofri tanto”, resumiu. Ele revelou que na noite anterior à segunda prisão, apesar da recomendação expressa para não sair de casa (morava nas proximidades do Palácio Cruz e Sousa), teimou em ir ao Cine Roxy, localizado junto à Catedral. “Pensei, ninguém vai me ver, fui a quatro passos, mas no dia seguinte vieram me buscar para prestar depoimentos”, explicou. O presidente da Comissão Estadual da Verdade, Naldi Otávio Teixeira, questionou Rogério acerca dos motivos que o levaram à prisão. O ex-preso respondeu que a motivação foi essencialmente política. “Fazíamos política, tudo certinho, tudo aberto. Fomos em passeata até a casa do prefeito de Florianópolis protestar contra o aumento das passagens. Naquela ocasião, depois me contaram, os agentes tinham recebido ordem de atirar em mim, mas na última hora mudaram a ordem”, relatou. Jornal Reforma Durante o período em que permaneceu à frente da UCE, Rogério e outros universitários editaram o jornal Reforma, de conteúdo político, distribuído gratuitamente entre estudantes e simpatizantes às reformas de base defendidas pelo presidente João Goulart. “Os estudantes lideravam o processo”, observou o ex-líder estudantil, acrescentando que o jornal combatia as oligarquias Konder-Bornhausen e Ramos. Rogério doou uma coleção completa do jornal ao Poder Legislativo barriga-verde. Atualmente, os exemplares, amarelados e puídos, estão sob os cuidados do Centro de Memória, disponíveis à consulta pública.

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